Crítica: Uma longa jornada

Uma Longa Jornada (The Longest Ride - 2015). 139 min. O filme conta a história de amor complicada entre Luke, um antigo campeão de rodeios, que está tentando voltar, e Sophia, uma universitária que está prestes a embarcar em uma viagem para conseguir o emprego dos seus sonhos no mundo das artes em Nova York. Com caminhos e ideais conflitantes testando o seu relacionamento, Sophia e Luke têm um encontro inesperado com Ira, cujas memórias de seu próprio romance inspiram o jovem casal. Tocando gerações, o entrelaçamento das duas histórias de amor explora os desafios e as recompensas infinitas do amor duradouro. Dirigido por George Tillman Jr. 

Nicholas Sparks tem um estilo próprio na sua escrita. Alguns elementos e situações costumam se repetir em seus livros, alterando-se em, alguns casos, apenas o personagem e o cenário. Algumas características vistas no que considero sua adaptação mais conhecida e bem-sucedida "Diário de uma paixão" se repetem em "Uma Longa Jornada": dois romances, duas histórias paralelas, separadas pelo tempo, interligadas por uma maneira simples de contar a história mais antiga (o "diário" aqui é substituído por "cartas de memórias" - quase a mesma coisa). Apesar de uma fórmula simples, felizmente aqui temos um roteiro um pouquinho diferente do habitual "casal se conhece - uma tragédia os separa - o destino os une novamente", que não vou falar para não estragar qualquer surpresa. Mas continuamos com os romances impossíveis, dramas e reviravoltas.

Como de costume, os romances de Sparks apostam na emoção. Ou seja, os famosos, clássicos e onipresentes clichés estão lá. Nestes casos, algumas destas situações tornam-se até mesmo necessárias ou obrigatórias. Não importa se você já sabe ou presume O QUE vai acontecer. O que importa aqui é COMO irá acontecer, e o impacto que tais momentos irão proporcionar a quem está assistindo. E, em termos de emoção, esse longa entrega o que promete. O filme é lindo, leve, simples, sem muitos exageros, boa trilha sonora, atores carismáticos e os ingredientes básicos que compõem um bom romance.  

O casal principal possui uma ótima química em cena. A loirinha Britt Robertson (Sophia) é bem carismática. Sinto um estilo de Jennifer Lawrence nela. Apesar da pouca idade (25 anos), já tem quase 40 participações em filmes e séries. Scott Eastwood (Luke) é filho do diretor e cowboy clássico Clint Eastwood e está assumindo o posto de galã ocupado por seu pai nos anos 60/70. O casal dos flashbacks é formado por Jack Huston (jovem Ira), que será o futuro Ben Hur, em 2016, e por Oona Chaplin (Ruth), neta de Charles Chaplin. Você deve se lembrar dela como Talisa Stark (ou vai me dizer que só porque assiste Game of Thrones não pode ver um romance de vez em quando?) O experiente Alan Alda (Ira) é o ponto forte do filme. Na minha opinião, a amizade que se formou entre Ira e Sophia é a melhor coisa do filme.

Depois de 10 adaptações de livros (Uma carta de amor, Um amor para recordar, Diário de uma paixão, Noites de Tormenta, Querido John, A Última Música, Um homem de sorte, Um Porto Seguro, O melhor de mim), imagino que quem vai assistir um romance baseado em uma obra de Sparks já tem uma noção do que vai encontrar. Praticamente todos os seus livros já foram ou serão adaptados para o cinema. Então é o típico estilo de filme que não adianta sair reclamando de já ter visto isso antes. O público de Sparks quer se emocionar, chorar, torcer pelos personagens mesmo já deduzindo o que vai acontecer. É meloso, é água-com-açúcar, é mais do mesmo, é tudo aquilo que os que não gostam de romances ou do autor vão reclamar e odiar. E é tudo aquilo que os que gostam de romances vão adorar ver na tela. 

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