Crítica: Velozes e Furiosos 7

Velozes e Furiosos 7 (Furious 7 - 2015). 137 min. Após os acontecimentos em Londres, Dom (Vin Diesel), Brian (Paul Walker), Letty (Michelle Rodriguez) e o resto da equipe tiveram a chance de voltar para os Estados Unidos e recomeçarem suas vidas. Mas a tranquilidade do grupo é destruída quando Ian Shaw (Jason Statham), um assassino profissional, quer vingança pela morte de seu irmão. Agora, a equipe tem que se reunir para impedir este novo vilão. Mas dessa vez, não é só sobre ser veloz. A luta é pela sobrevivência. Dirigido por James Wan. 

Carros fantásticos. Lindas mulheres. Corpos sarados. Tiros. Perseguições. Corridas. Explosões. Lutas. Pancadaria. Adrenalina! Tudo que o uma franquia de ação pode te oferecer, em doses bem generosas. Ao longo dos 6 últimos filmes, é o que VF nos fornece. No final do sexto longa, fomos apresentados ao atual vilão, interpretado por Jason Statham. Então teríamos Vin Diesel, Dwane The Rock Johnson e Stathan no mesmo filme, além de Michelle Rodriguez e uma participação da estrela da MMA Ronda Rousey. Para os fãs da geração 2000, deve ter sido mais ou menos a mesma sensação que a geração 80 teve ao ver no mesmo filme Stallone, Schwarzenegger, Bruce Willis e Chuck Norris em Mercenários 2. Aliás, VF7 lembra muito bem um típico filme de ação dos anos 80. A presença de Kurt Russell (astro de filmes ação da época como "Fuga de Nova York") contribui bastante para essa nostalgia.

Só isso já seria motivo suficiente para levar novamente a legião de fãs da franquia para as salas de cinema. Mas a morte trágica e irônica do co-protagonista Paul Walker em 2013, decorrente de um acidente de carro, acabou se tornando a principal motivação para assistirmos a VF7. Paul ainda não tinha terminado de gravar o longa, e a produção do filme decidiu que continuaria com todas as suas cenas já filmadas e iria dar um jeito de encerrar sua participação de forma digna. Isto fez com que o filme se tornasse uma homenagem a Paul, o que acabou se tornando também um tributo à própria história da franquia.

Mantendo todo o clima exagerado (que adoramos!), de forma que, a cada novo VF já vamos assistir esperando como irão se superar nos absurdos, o filme explora o que melhor funcionou nos filmes anteriores. E, utilizando uma palavra que Dominic Toretto fala durante todo o filme, eles não são apenas amigos. São uma família. Em um grau de companheirismo e cumplicidade que transcende a tela. Isto é tão evidente que deve ter sido muito difícil para os atores terminarem o filme sem a presença de Paul. E é por isso que a parte final consegue transmitir uma emoção verdadeira. 

Excluindo os tributos, não podemos esquecer que temos um filme no meio disso tudo. Aqui entram todos os elementos citados no início, com algumas coisas a mais. O filme tem cenas em Los Angeles, Tóquio, República Dominicana e Abu Dhabi. Os atores Tyrese Gibson (Roman Pierce) e Ludacris (Tej) se garantem novamente na parte cômica. Diesel e The Rock soltam aquelas famosas frases de efeito cliché, temos muitas brigas entre os personagens: Statham x The Rock, Statham x Diesel, Ronda x Michelle, entre várias outras. Para os fãs de tecnologia, também temos um contexto hacker na história, e para isso temos a adição no elenco da bela Nathalie Emmanuel.

A sequência de carros caindo de pára-quedas bastante explorada nos trailers está estendida, fazendo com que mesmo que você assista pensando "eu já vi isso", você curta bastante a sequência. Fora isso, cenas e mais cenas de carros voando, explodindo, batendo, tudo em altíssima velocidade. E, nesta altura, nem adianta ficar dizendo que aquilo é mentira, é absurdo, é impossível. Já estamos no filme 7! Não é possível que você ainda não tenha se acostumado com isso. Só pra não dizer que não falei mal de alguma coisa, a sequência final (antes da homenagem-encerramento) poderia ter sido mais curta ou até mesmo ter sido cortada. Ficou cansativa. Jordana Brewster (Mia) está lá só mesmo pra cumprir tabela e reforçar o conceito familiar. E o 3D novamente pouco (ou nada) agrega valor ao filme. 

O personagem Brian O'Conner aparece em provavelmente 90% do filme. Não sei quantas cenas foram finalizadas pelo próprio ator, mas se o roteiro da parte normal do filme não foi alterado, seria impossível terminar o filme sem ele ou cortar as suas cenas. Precisariam praticamente começar do zero. Então, para solucionar esse problema, os produtores utilizaram todos os recursos de computação gráfica disponíveis e criaram um Paul Walker digital, utilizaram imagens e falas de filmes anteriores e chamaram os irmãos mais novos do ator para o substituir em algumas cenas, inserindo o rosto de Paul digitalmente. 


Durante o filme, particularmente não consegui distinguir quando era o ator e quando era um recurso digital (aliás, nem sei se houve). Se bem que as sequências de ação são muito dinâmicas. A quase todo momento está acontecendo alguma coisa, algum tiroteio, algum carro explodindo, então nem dá tempo de você parar e prestar atenção nesses detalhes. No encerramento do longa a substituição fica mais evidente, mesmo porque você já tem certeza que não podia ser o ator real ali e seu psicológico ajuda nisso. 

Não quero estragar a surpresa de ninguém, até mesmo porque acaba sendo o momento mais esperado do filme, mas adianto que deram um final digno ao personagem e uma merecida homenagem ao ator. Caso a franquia fosse encerrada aqui, também teria sido um ótimo auto-tributo, já que outros arcos se fecham. Mas estamos falando de Hollywood e milhões de dólares costumam falar bem mais alto. Por isso, provavelmente virão mais filmes da franquia pela frente. Bons filmes de ação com cenas no estilo "é impossível,  mas ficou muito legal" sempre são bem-vindas quando bem filmadas. Mas Paul Walker e Brian O'Conner vão fazer muita falta.


Para Paul

Comentários